Observo a palavra sororidade e percebo que ela também me observa. Temos um pacto, mas não um pacto de compreensão a todo custo. Minha sororidade está muito mais conectada ao ato de me afastar do mundo feminino e de seus estereótipos de gênero do que propriamente à luta feminista.
Observo comportamentos e condicionamentos: ser bela, ser sexy, ser dama na sociedade e puta na cama. Servir ao homem. Servir à sociedade. Servir à família. E, no extremo desses pensamentos, a própria sentença de morte.
Penso nas mulheres que escrevem cartas de amor a presidiários, assassinos condenados. Sim, as cadeias estão repletas de promessas de amor eterno. E esse amor frequentemente vem acompanhado da morte.
Penso também nas mulheres que se tornam mães de seus próprios maridos — displicentes, drogados, indomáveis. Nesse papel, elas se sentem úteis, vivas, servindo como acreditam que cabe às mães servirem.
E ainda há aquelas que lutam para provar seu poder de sedução sobre homens pobres e frágeis, sustentando casamentos tediosos, cuja dopamina vem dos gritos da outra mulher — traída, humilhada.
O que fizeram ao meu gênero? Sororidade, irmandade e todos estes apelos do novo feminismo tentam apagar um feminismo que nos dividiu em putas x santas. Mas somos humanas. Estudei estereótipos de gênero, esse absurdo que nos define por cor, muitas vezes reforçado pelo mundo gay com falas do tipo: “Eu sempre quis ser mulher, adorava salto alto e maquiagem. Um salto sempre me favoreceu, sou baixinha, mas maquiagem odeio, e como defino? Mais ou menos mulher? Já usei terno para provocar os limitados, já usei corpete para seduzir os limitados.
Ninguém entende melhor a sexualidade masculina que os travestis; sempre souberam que é a feminilidade que excita o homem. Sendo assim, Diadorim no dia a dia, masculinizadas pelo estresse e pela batalha diária, perdemos o valor? Somos menos atraentes?
O que fizeram ao meu gênero?”
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